Fazendo uma reflexão, facilmente concluiremos que em nós humanos existe um fascínio natural e um encantamento pela harmonia e pela beleza. Sumérios, gregos, egípcios, babilônios – todos os povos buscaram a perfeição estética.
Com a Revolução Industrial, muitos avanços foram criados, mas também foi estabelecido um padrão superficial de beleza, baseado unicamente no consumo. Na beleza “industrializada” integridade, ética e transparência estão ausentes. Esse padrão estético e comportamental mascara uma indústria em sua maioria suja, desrespeitosa e mentirosa, que causa danos geralmente invisíveis.
Produtos de beleza nem tão belos assim
A indústria da beleza utiliza mais de 10 mil substâncias químicas tóxicas em seus produtos. A maior parte dessas substâncias não é biodegradável e acumula-se nos rios, mares, solos e no ar. O mais conhecido e nocivo elemento é o polietileno, chamado também de microplástico. Presente em esfoliantes, maquiagens, sabões e diversos produtos estéticos, essas pequenas partículas possuem um incrível poder de poluição. Uma vez lançadas no meio ambiente, podem contaminar biomas durante séculos.
Sua presença é cada vez mais constante no ambiente marinho. Um estudo recente alertou que um ser humano consome, em média, até 120 mil partículas de microplástico por ano, tanto ao comer peixes contaminados quanto ao beber água contaminada com esses resíduos. O resultado de literalmente estarmos comendo plástico são as altas taxas de câncer, problemas neurológicos, hormonais e outras diversas doenças.
Microplástico: cada vez menor e mais mortal. Fonte: DW / Picture Alliance.
A indústria dos cosméticos é conhecida ainda por sua exploração de mão de obra infantil e condições insalubres de trabalho. A extração do mineral mica, na Índia, usado em diversos produtos de beleza, foi apontada como uma das atividades que mais alimentam o trabalho escravo mundial.
Apesar de haver uma tendência global em busca de produtos de beleza mais limpos e feitos de maneira social e ecologicamente mais justa, as grandes marcas ainda investem na equação quantidade sobre qualidade. O resultado são produtos baratos, porém feitos sem nenhum respeito à vida humana nem ao planeta.
Eis alguns compostos químicos que você deve evitar consumir através de produtos de beleza. Leia o rótulo e fique atento:
Chumbo
Apesar de ser proibido em diversos países, o chumbo ainda é presente em vários produtos de beleza e cosméticos, especialmente os produzidos em massa pela China.
No Brasil existe uma regulamentação que proíbe o uso da substância pela indústria, mas a fiscalização é bastante ineficaz. Além disso, diversos compostos importados possuem em sua fórmula a presença oculta deste elemento, que é extremamente nocivo à saúde humana e ao meio ambiente.
O chumbo pode estar presente em produtos como batons, sombras para a região dos olhos e blushs. Ele é muito comum ainda em tinturas para cabelo, onde é usado para ocultar os fios brancos.
Ao entrar em contato com a pele, o chumbo é rapidamente absorvido. Uma vez na corrente sanguínea, ele pode provocar diversos problemas sérios, como distúrbios gastrointestinais severos, danos hepáticos e renais, hipertensão e alguns efeitos neurológicos graves. Os dados são alarmantes.
Em 2007 uma pesquisa revelou que das 30 marcas mais famosas de batons do mercado, 61% continham níveis perigosos de chumbo. Este elemento ainda se acumula nas cadeias alimentares, contaminando solo e água e causando terríveis danos ao planeta.
Blushs e sombras costumam ter altos níveis de chumbo em sua composição. Fonte: Tribuna de Petrópolis.
Parabenos
Os parabenos são conservantes artificiais utilizados em grande escala pela indústria dos cosméticos. São encontrados em altas dosagens em diversos cremes para a pele, maquiagem, produtos para cabelos e especialmente em xampus e condicionadores.
O grande perigo do uso de produtos com essas substâncias é que esse composto se acumula no organismo. Diversas pesquisas mostram que o parabeno pode causar vários tipos de câncer, principalmente de mama. Além disso a substância pode provocar alergias e irritações, envelhecimento precoce, problemas de rins e até alterações hormonais irreversíveis.
Como é usado principalmente em sabonetes, condicionadores e xampus, o parabeno acaba diluído na água, terminando por contaminar os ecossistemas dos rios e mares. Uma vez liberado no ambiente aquático, este composto químico mata as microformas de vida, provocando a extinção de diversas espécies.
Outro feito nocivo é que o parabeno entra ativamente no ciclo alimentar de diversos peixes e crustáceos consumidos pelo ser humano. Ou seja, terminamos por comer parte do resíduo cancerígeno que nós mesmos eliminamos.
Formol
Também conhecido como formaldeído, pode ser encontrado em produtos para alisar cabelos e para unhas. Apesar de haver uma legislação, desde 2009, proibindo o uso da substância pura, muitas marcas mascaram o uso do composto químico com outros nomes como metileno glicol, óxido de metileno, paraformol, aldeído fórmico, metanal, oximetano, oximetileno, ácido timonácico ou ácido tiazolidinecarboxílico.
Ou seja, se encontrar um desses nomes no rótulo de qualquer produto, não compre.
O formol é comprovadamente cancerígeno, pode causar sérios problemas respiratórios, lesões no pulmão, olhos, alergias, queimaduras e irritações.
Os riscos dos materiais de limpeza
As ameaças à saúde e ao planeta estão presentes também nos materiais de limpeza. A maioria dos produtos que utilizamos diariamente na manutenção de nossos lares, possui compostos químicos altamente destrutivos para a natureza.
Movidos pela mídia, milhões de consumidores buscam nas prateleiras dos supermercados por detergentes, sabões em pó, amaciantes e toda uma variedade de produtos que, além de custarem caro, podem desencadear sérios distúrbios fisiológicos e ainda impactar diretamente no equilíbrio ecológico.
Os seguintes elementos são os mais comuns e também alguns dos mais nocivos:
Bórax
Também conhecido como tetraborato de sódio, é um mineral que pode ser vendido puro ou estar presente nos principalmente tipos de sabões e detergentes. Apesar de seu consumo e uso indiscriminado, diversos estudos apontam que o Bórax é perigoso para a saúde humana, afetando o sistema reprodutor, além de causar contaminação nos animais, especialmente no leite produzido por vacas.
Além disso, a produção do Bórax é uma prática extremamente degradante ao meio ambiente, envolvendo grande consumo de água potável e destruindo diversos lagos de água salgada.
Cloro
Presente em estado puro ou diluído como água sanitária, o cloro pode causar sérios problemas de pele, queimaduras e alergias. A substância, altamente tóxica, ataca o sistema respiratório, causando envenenamentos graves. Anualmente, centenas de casos de acidente com o cloro e seus derivados são registrados em todo o Brasil, principalmente com crianças pequenas. Ecologicamente o cloro atua como um corrosivo impetuoso, capaz de destruir diversas formas de vida e alterar o nível de oxigênio das águas. Ao interagir com outras substancias, o cloro se converte em gás, contaminando também o ar.
Amoníaco
Presente nos detergentes de lavar louça, sabão em pó, amaciantes e outros produtos de limpeza diária, esse composto é responsável por sérios problemas respiratórios, causando alergias e até queimaduras severas.
Um estudo de 2018 da Universidade de Bergen, na Noruega, apontou que donas de casa, que usam produtos de limpeza com amoníaco regularmente, especialmente os produtos em spray, possuem danos nos pulmões equivalente a fumar 20 cigarros por dia.
Os principais produtos em spray incluem limpadores de vidro, tiradores de manchas, amaciantes para passar roupa, dentre outros. A presença de amoníaco, cloro e outras substâncias representa um dano real à saúde. Além do impacto sobre o organismo, produtos de limpeza ricos em amoníaco demandam de grandes quantidades de água para que seja eliminada toda a espuma, o que afeta ainda mais o meio ambiente.
Quais as alternativas mais saudáveis e ecológicas?
Quando falamos de produtos de beleza, as opções alternativas são mais baratas, fáceis de fazer e muito eficientes (saiba mais aqui e aqui).
Dá para criar seu próprio desodorante, sabonete, hidratante e xampu. Se preferir, procure por produtores locais que usam elementos sazonais e livres de química.
Já os materiais de limpeza podem ser substituídos por diversos produtos menos nocivos e incrivelmente baratos como vinagre (ótimo limpador natural), sumo de casca de limão (aromatizante) e bicabornato de sódio (tira-manchas). Saiba mais aqui.
Recomendo ainda a Positiva, empresa que cria soluções sustentáveis em materiais de limpeza. Além de usar materiais locais e estimular os pequenos produtores, a positiva é 100% livre de compostos químicos nocivos.
Você pode conhecer os produtos em: https://positiva.eco.br/
Uma boa alternativa para uma limpeza caseira mais consciente e sustentável são as esponjas feitas de redes de pesca. Além de duráveis, ao comprar esses produtos você estará ajudando a limpar os mares e a preservar inúmeras espécies marinhas. Saiba mais sobre o projeto.
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