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  • Foto do escritorNara Guichon

Uma reflexão sobre a pandemia e a nova normalidade




Nós, seres humanos, somos animais sociais. Criamos a todo momento vínculos com outras pessoas. Vivemos, essencialmente, ao redor de grupos e buscamos dentro da sociedade um espaço para nossa segurança e bem-estar. Mas algo mudou.


Mas pela primeira vez na história recente a nossa geração depara-se com uma barreira severa e dolorosa causada pela pandemia.


Não falo apenas de uma barreira física, mas também emocional e simbólica. Estamos diante de um grande desafio, um limite avassalador contra nossas vontades. Percebemos que o capitalismo não pode nos prover tudo. O adoecimento humano é um reflexo do adoecimento do planeta.


O mundo encolheu, agora tudo deve caber no alcance de nossas mãos, em nossas casas ou apartamentos. Esperamos o momento de retornar ao normal, mas que normal seria esse?


Quando a pandemia arrefecer, quando o vírus perder sua fúria, que mundo encontraremos lá fora? Que tipo de normalidade queremos? Enquanto estamos em casa, nos protegendo e também aos que amamos, grandes industrias continuam a despejar nos mares e rios toneladas de dejetos insolúveis. Se por um lado o mundo parece parar, por outro os danos ambientais continuam silenciosos, constantes, inexoráveis.


“Estamos experienciando a febre do planeta”, é o que o pensador e ambientalista Ailton Krenak afirma.

A pandemia não é uma pausa no fluxo da vida, é uma convulsão dentro do tecido social e ambiental em que vivemos. A desigualdade causada por esse evento, que todos os dias tira milhares de vidas no mundo inteiro, é tão mortal quanto o próprio vírus.


A pandemia só tornou mais evidente o que o capitalismo mundial sempre se esforçou em esconder: nossa sociedade não anda nada bem.


Não precisamos recuperar apenas nossa saúde física, mas também a saúde do ecossistema. Não podemos ser saudáveis vivendo num planeta doente, nem podemos desejar normalidade numa sociedade onde o desrespeito com a vida é corriqueiro.


Os males que atingem nosso corpo são reflexos diretos do modo como tratamos o planeta. O que fazemos ao mundo volta para nós com redobrada força. Essa é uma lei universal contra a qual não adianta lutar.


O isolamento para muitas pessoas tem se tornado um lugar de reflexão. Que assim seja, mas além de refletir precisamos também agir. Precisamos não esperar por mudanças milagrosas, nem confiar em salvadores da pátria. Somos, eu e você, os grandes responsáveis por nossa presença no mundo e podemos mudar nossa realidade para o bem ou para o mal.


Se não parecia haver motivos para mudar, eis a nossa chance de fazer a diferença. Que fique claro: o mundo que chamamos de normal já não existe há muito tempo.


O aquecimento global se tornará uma constante para as próximas gerações. Escassez de água, ar limpo, alimentos e terras férteis será cada vez mais comum. Epidemias desencadeadas pela violação dos espaços naturais pela civilização surgirão em nosso futuro com mais frequência do que podemos imaginar.


O caos social mostra-se cada vez mais cruel, com mais e mais pessoas vivendo dentro da completa miséria enquanto alguns poucos controlam a renda e acumulam obscenamente boa parte da fortuna do planeta.


O Brasil, maior produtor de alimentos do mundo, é o mesmo país que hoje tem quase 20 milhões de pessoas em situação de fome extrema. Quando o isolamento terminar, será essa a realidade que iremos encarar.


Convido todos a refletirem sobre isso. Em sua totalidade o conceito de saúde vai muito além do nosso corpo, engloba também a relação que estabelecemos com o que consumimos, compramos e descartamos. Que essa lição seja aprendida e que possamos ressignificar as dores que esses tempos difíceis nos trazem.


 

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