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  • Foto do escritorEquipe Nara Guichon

Sobre presentes e estar presente

Uma reflexão sobre o consumismo do fim de ano



Foto: Renata Gordo.


Pessoalmente valorizo bastante o tempo e sei que muitos afirmam ser ele o bem mais caro nesses dias onde ter é inúmeras vezes mais valorizado do que ser.


Assim sendo, quase não nos resta tempo para ser. Temos que correr, trabalhar e muitas vezes nos sacrificarmos para alcançar mais metas, mais conforto, mais bens, mais, mais e mais... E o cuidado de si, como fica? E os nossos queridos filhos, pais e amigos? Quando ganham um pouco de nossa presença, atenção ou tempo?


Quero aqui distinguir de modo bem claro a relação entre qualidade e quantidade. Não precisamos nem podemos doar 12 horas de nosso dia para nossas relações interpessoais, mas a atenção não se mede em número de horas, mas na forma como ouvimos e compreendemos os outros. A empatia pode ser praticada em momentos breves e ainda assim marcantes.


É do escritor mineiro Guimarães Rosa a famosa frase: “Felicidade se acha é em horinhas de descuido”. Sabe aquela coisa de olhar olho no olho, escutar sem pressa, dialogar sem hora contada? Pois é, estamos nos esquecendo do que é viver sem compromissos sucessivos. Estamos abandonando a espontaneidade em troca de um viver atropelado por notificações de celulares e urgências sem fim.


O verdadeiro luxo dos nossos dias é poder sentar-se na grama sem hora. Programar um piquenique no qual os participantes se envolvam também na organização, no preparo das comidinhas, na escolha do local. Tirar um momento do dia para cumprir com um único objetivo: desfrutar com verdadeira proximidade da companhia de todos ao nosso redor. Um dia para viver fora do roteiro, para desviar, parar, ouvir e sentir o entorno, perceber os aromas, as cores e texturas, caminhar sem pressa. Ou seja, estar de fato presente.



Atividades manuais como o Ecoprint podem ser um maravilho presente para quem deseja se conectar com a natureza. Foto: Renata Gordo.


Um presente sem laço


Mas minha proposta aqui hoje não é falar apenas da presença, mas também sobre presentes, já que estamos na época do ano em que mais presenteamos, escolhemos e compramos. Gostaria de propor um exercício de pensamento, uma reflexão sobre nossos impulsos e o modo como consumimos e aquilo que oferecendo aos nossos entes queridos.


Como já disse antes, o nosso bem mais valioso é o tempo, certo? Sendo este um bem de valor imensurável, pode ser o presente mais significativo, o mais inesquecível e que não precisará custar altos valores de sua conta bancária.


Você já conversou com seus avós ou familiares queridos sobre as músicas que marcaram suas vidas? Já se sentou para ouvir sobre os momentos inesquecíveis embalados por canções daquele tempo? Quão valioso pode ser um presente como este: conversar, resgatar inúmeras histórias, descobrir presentes feitos de memória e de afeto.


Que tal reuni-los para ouvir música, fazer um revival entre avós, parentes e amigos? Que tal contar causos, desfiar os novelos da memória afetiva? O coração de qualquer pessoa facilmente se aquece com as receitas de família, comidinhas que podem ser feitas com a ajuda de todos. Que tal ir para a cozinha e fazer aquele bolo cuja a receita é especial e marcante?


Ou quem sabe o seu avô seja um admirador de trens, aviões ou carros antigos. Que tal pesquisar na internet sobre os inúmeros museus dedicados ao assunto pelo mundo afora? Esse é um gesto de afeto e atenção que pode ser capaz de unir diferentes gerações, trazendo emoções genuínas à tona.


O mesmo se aplica aos pequenos. Se seus filhos amam artes, culinária, marionetes ou jardinagem eis a chance de criar uma experiência única através de uma tarde de mão na massa. Pegue-os pelas mãos e programe um passeio onde possam conhecer de perto e vivenciar suas paixões.


Isso é mais do que dar algo, é oferecer a chance de aprender e se conectar com um sentimento positivo. É substituir o ter pelo ser. Aquilo que temos em termos materiais se esvai com o tempo, enquanto o que somos se torna algo verdadeiramente nosso.


Pessoalmente sempre acreditei que o tempo que damos aos outros retorna para nós em forma de outras graças. Estando presentes e conectados com os que amamos, com certeza seremos donos de um coração exultante e profundamente alegre. Pratique essas dicas e depois me conte.


 

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